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A espacialidade do modo de vida - Análise morfológica de comunidades rurais e tradicionais na região do Baixo Tocantins (PA)

Kamila Diniz Oliveira, Ana Cláudia Duarte Cardoso

Resumo

Desde os anos 1960, as políticas dirigidas para a Amazônia perseguem um “desenvolvimento”, pela transformação do meio natural e social existente e pela difusão da urbanização extensiva. O artigo investiga a expressão espacial do modo de vida em assentamentos urbano-rurais, localizados na região do Baixo Tocantins. A caracterização do modo de vida de quatro comunidades, que mantêm suas atividades vinculadas ao ritmo da natureza, permitiu o entendimento da apropriação e do uso dos espaços. O adensamento populacional, a instalação de infraestruturas, e a assimilação de valores citadinos explicam as transformações espaciais observadas nos assentamentos. As principais formas de reorganização espacial observadas foram: a transferência das áreas de residências para o centro da comunidade e a subdivisão das áreas de trabalho. Concluiu-se que a identificação dos processos e as transformações espaciais são recursos fundamentais para a formulação de políticas públicas de base territorial destinadas à Amazônia.


Palavras-chave

Morfologia. Modo de vida. Assentamento Tradicional. Baixo Tocantins.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v24i3.9747

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