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A Hidrelétrica de Belo Monte como fator de segregação socioespacial: uma análise a partir da cidade de Altamira-PA

Elisa Mergulhão Estronioli, José Queiroz de Miranda Neto

Resumo

A segregação socioespacial é um processo dialético indissociável da dinâmica do sistema capitalista nas cidades e expressa a luta de classes pela apropriação do espaço. Este artigo discute como a Hidrelétrica de Belo Monte, como um dos fatores de reestruturação na cidade de Altamira (PA), interfere no processo de segregação socioespacial. A construção do empreendimento hidrelétrico mobilizou uma grande quantidade de capital e de trabalhadores para a região, implicando diretamente no aumento dos preços de terrenos e dos aluguéis, influenciando processos de ocupação urbana em áreas alagadiças, como na Lagoa do Independente I. Além disso, a Norte Energia agiu diretamente em processos de reassentamento urbano, modificando as localizações urbanas da população mais pobre da cidade de Altamira no sentido centro-periferia. Como resultado, apresentamos dois modos de segregação: a conduzida, resultante dos programas de requalificação desenvolvidos pela empresa Norte Energia; e a induzida, que emerge a partir da ampliação da desigualdade socioespacial advinda de Belo Monte.


Palavras-chave

Segregação urbana. Hidrelétrica. Belo Monte. Altamira.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v24i3.9273

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