Logo do cabeçalho da página Novos Cadernos NAEA

Os vasilhames com apliques de anuros das estearias e a identificação biológica das espécies

Alexandre Guida Navarro, Miguel Trefaut Rodrigues, Taran Grant

Resumo

Este artigo apresenta os resultados da análise dos vasilhames com apliques de anuros das cerâmicas arqueológicas oriundas de coletas sistemáticas nas estearias maranhenses associando-os às espécies biológicas. Parte-se, portanto, de um estudo interdisciplinar que busca atentar para a importância deste tipo de abordagem ainda pouco utilizada pelos arqueólogos brasileiros, sobretudo na Amazônia, cuja imagética arqueológica associada a sapos e rãs é recorrente no material arqueológico desta região. Apresentam-se os apliques de anuros, sua análise tecnológica, as formas dos vasilhames e a identificação das espécies, fomentando a interpretação dos resultados com enfoque na relação entre cultura material e biologia.


Palavras-chave

Anuros. Análise Cerâmica. Estearias. Zoologia. Arqueologia


Texto completo:

PDF

Referências


AB’SABER, A. N. Brasil: paisagens de exceção: o litoral e o pantanal mato-grossense: patrimônios básicos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006.

ARNOLD, D. E. Ceramic theory and cultural process. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

BARATA, F. O muiraquitã e as contas dos Tapajó. Revista do Museu Paulista, São Paulo, n. 8, p. 229-252, 1954.

BARRETO, C.; LIMA, H. P.; BETANCOURT, C. J. Novos olhares sobre as cerâmicas arqueológicas da Amazônia. In: BARRETO, C.;

LIMA, H. P.; BETANCOURT, C. J. Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: rumo a uma nova síntese. Belém: IPHAN/Museu Paraense Emílio Goeldi, 2016. p. 19-31.

BECKER, H. S. History, culture and subjective experience: an exploration of the social bases of drug-induced experiences. Journal of health and social behavior, New York, v. 8, n. 3, p. 163-176, 1967.

BOOMERT, A. Gifts of the Amazon: green stones pendants and beads as item of ceremonial exchange in Amazonia and the Caribean. Antropologica, Caracas, v. 67, p. 33-54, 1987.

CHMYZ, I. et al. Terminologia arqueológica brasileira para cerâmica. Paranaguá: Cadernos de Arqueologia, 1966.

COELHO, V. P. Os alucinógenos e o mundo simbólico. São Paulo: EPU/EDUSP, 1976.

COGGINS, C. C. Artifacts from the Cenote of Sacrifice, Chichén Itzá, Yucatán. Cambridge, Massachusetts: Peabody Museum of Archaeology and Ethnology: Harvard University, 1992.

CORRÊA, C. G.; MACHADO, A. L.; LOPES, D. F. As estearias do lago Cajari-MA. In: SIMPÓSIO DE PRÉ-HISTÓRIA DO NORDESTE BRASILEIRO, 1., 1991, Recife. Anais [...]. Recife: SPNB, 1991. p. 101-103.

CORREIA LIMA, O.; LIMA AROSO, O. C. Pré-história maranhense. São Luís: Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, 1991.

COSTA, M. L.; SILVA, A. C. R. L. Mineralogy and chemistry of the green stones artifacts (muiraquitãs) of the museums of the Brazilian State of Pará. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, v. 65, n. 1, p. 59-64, 2012.

COSTA, M. L.; SILVA, A. C. R. L; ANGÉLICA, R. S. Muyrakytã ou Muiraquitã, um talismã arqueológico em jade procedente da Amazônia: uma revisão histórica e considerações antropogeológicas. Acta Amazónica, Manaus, v. 32, n. 3, p. 467-490, 2002.

D’ABBEVILLE, C. História da missão dos padres Capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.

D’ÉVREUX, Y. Continuação da História das coisas mais memoráveis acontecidas no Maranhão nos anos 1612 e 1614. Tradução de Cézar Augusto Marques. Brasília: Senado Federal, 2008.

DANIEL, J. Tesouro descoberto no Máximo Rio Amazonas: 1722-1776. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004. v. 1.

El-SEEDI, H. R. et al. Prehistoric peyote use: alkaloid analysis and radiocarbon dating of archaeological specimens of Lophophora from Texas. Journal of Ethnopharmacology, New York, v. 101, n. 1-3, p. 238-242, 2005.

FERNANDES, T. F.; ANTONIAZZI, M. M.; SASSO-CERRI, E.; EGAMI, M. I.; LIMA, C.; RODRIGUES, M. T.; JARED, C. Carrying progeny on the back: Reproduction in the Brazilian aquatic frog Pipacarvalhoi. South American Journal of Herpetology, Washington, v. 6, p. 161-176, 2011.

FREITAS, M. A.; VIEIRA, R. S.; ENTIAUSPE-NETO, O. M.; SOUSA, S. O.; FARIAS, T.; SOUZA, A. G.; MOURA, G. J. B. Herpetofauna of the Northwest Amazon forest in the state of Maranhão, Brazil, with remarks on the Gurupi Biological Reserve. ZooKeys, New York, v. 643, p. 141-155, 2017.

GOMES, D. M. C. Santarém. Symbolism and Power in the tropical forest. In: EWAN, C.; BARRETO, C.; NEVES, E. (Ed.). Unknown Amazon. Londres: British Museum Press, 2001. p. 134-155.

GOMES, D. M. C. Cerâmica Arqueológica da Amazônia: vasilhas da Coleção Tapajônica MAE-USP. São Paulo: Edusp, 2002.

GOMES, D. M. C. O perspectivismo ameríndio e a ideia de uma estética americana. Bol. Museu. Paraense Emílio Goeldi, Belém, v. 7, n. 1, p. 133-159, 2012.

GRANT, T.; RADA, M.; ANGANOY-CRIOLLO, M.; BATISTA, A.; DIAS, P. H.; JECKEL, A. M.; MACHADO, D. J.; RUEDA-ALMONACID, J. V. Phylogenetic Systematics of Dart-Poison Frogs and Their Relatives Revisited (Anura: Dendrobatoidea). South American Journal of Herpetology, New York, v. 12, p. 1-9, 2017.

HOOGMOED, M. S.; AVILA-PIRES, T. C. S. Inventory of color polymorphism in populations of Dendrobatesgalactonotus (Steindachner, 1864) (Amphibia: Anura: Dendrobatidae), an endemic poison frog from Brazil. Phyllomedusa, Salt Lake City, v. 11, p. 95-115, 2012.

IBGE. Censo demográfico: 2010. IBGE, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html. Acesso em: 02 set. 2020.

LATCHAM, R. La organización social y las creencias religiosas de los antiguos Araucanos. Santiago: Publicaciones del Museo de Etnología y Antropología de Chile, 1924.

LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1961.

LIMA, E. C.; LABATE, B. C. “Remédio da Ciência” e “Remédio da Alma”: os usos da secreção do kambô (Phyllomedusa bicolor) nas cidades. CAMPOS: Revista de Antropologia Social, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 71-90, 2007.

LOPES, R. A civilização lacustre do Brasil. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 87-109, 1924.

MARANHÃO. Decreto N° 11.900, de 11 de junho de 1991. CRIA, no Estado do Maranhão, a Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense [...]. São Luís: Casa Civil do Governador, [1991]. Disponível em: https://documentacao.socioambiental.org/ato_normativo/UC/303_20100823_145738.pdf. Acesso em: 02 set. 2020.

MARTIN, G. Pré-história do nordeste brasileiro. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1996.

MCKENNA, D. J.; CALLAWAY, J. C.; GROB, C. S. The scientific investigation of ayahuasca: a review of past and current research. The Heffer Review of Psychedelic Research, Yale, v. 1, p. 65-77, 1998.

MÉTRAUX, A. La decoloration artificielle des plumes sur les oiseaux vivants. Journal di la Société des Americanistes de Paris, Paris, v. 20, p. 181-192, 1928.

NAVARRO, A. G. Las serpientes emplumadas de Chichén Itzá: distribución espacial e imaginería. 2007. Tese (Doutorado em Antropologia) – Instituto de Investigaciones Antropológicas, Universidad Nacional Autónoma de México, Cidade do México, 2007.

NAVARRO, A. G. O povo das águas: carta arqueológica das estearias da porção centro-norte da Baixada Maranhense. Caderno de Pesquisas, São Luís, v. 20, n. 3, p. 57-64, 2013.

NAVARRO, A. G. O complexo cerâmico das estearias, Maranhão. In: BARRETO, C.; LIMA, Helena P.; BETANCOURT, C. J. Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: rumo a uma nova síntese. Belém: IPHAN/Museu Paraense Emílio Goeldi, 2016. p. 158-169.

NAVARRO, A. G. New evidente for the late first millennium AD stilt-house settlements in Eastern Amazonia. Antiquity, Cambridge, v. 92, n. 366, p. 1586-1506, 2018.

NAVARRO, A. G.; SILVA JUNIOR, J. S. E. Cosmologia e Adaptação Ecológica: o caso dos apliques-mamíferos das estearias maranhenses. Anthropológicas, Recife, vol. 30, n. 2, p. 203-233, 2019.

NAVARRO, A. G. et al. O muiraquitã da estearia da Boca do Rio, Santa Helena, Maranhão: estudo arqueológico, mineralógico e simbólico. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 12, n. 3, p. 869-894, 2017.

NEVES, E. G. Arqueologia da Amazônia. Rio de janeiro: Zahar Editora, 2006.

NIMUENDAJU, Curt. Besuch bei den Tukuna-lndian ern. Efhnologischer Anzeiger, Stuttgart, v. 2, n. 4, p. 188-194, 1930.

NIMUENDAJU, C. Mapa etno-histórico do Brasil e regiões adjacentes. Rio de Janeiro: IBGE, 1941.

PAUKETAT, T. R. Ancient Cahokia and the Mississippians (Case Studies in Early Societies). Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

PORRO, A. As crônicas do rio Amazonas: notas etno-históricas sobre as antigas populações indígenas da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1992.

PROULX, D. A. Paracas and Nasca: Regional Cultures on the South Coast of Peru. In: SILVERMAN, H.; ISBELL, W. (Ed.). Handbook of South American Archaeology. Nova Iorque: Springer, 2008. p. 563-585.

PROUS, A. Arqueologia brasileira. Brasília: UnB, 1992.

RAYMOND, J. S. From potsherds to pots: a first step in constructing cultural context from tropical forest archaeology. In: STAHL, P. (Ed.). Archaeology in the lowland American Tropics: current analytical methods and applications. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 224-242.

REDFIELD, R.; VILLA ROJAS, A. Cham Kom: a Maya Village. Chicago: University of Chicago Press, 1962.

REICHEL-DOLMATOFF, G. O contexto cultural de um alucinógeno aborígine: Banisteriopsis Caapi. In: COELHO, V. P. (org.). Os alucinógenos e o mundo simbólico. São Paulo: EPU/EDUSP, 1976. p. 59-103.

RICE, P. Pottery Analysis: A Sourcebook. Chicago: The University of Chicago Press, 1987.

ROCHETTE, E. T. Investigación sobre producción de bienes de prestigio de jade en el valle medio del Motágua, Guatemala. Arqueología Mexicana, Cidade do México, v. 1, p. 35-41, 2007.

RODRÍGUEZ RAMOS, R. Isthmo-Antillean Engagements. In: KEEGAN, W.; HOFMAN, C.; RODRÍGUEZ RAMOS, R. The Oxford Handbook of Caribbean Archaeology. Oxford: Oxford University Press, 2013. p. 155-170.

ROOSEVELT, A. C. Parmana: prehistoric maize and manioc subsistence along the Amazon and Orinoco. Nova Iorque: Academic Press, 1980.

ROOSEVELT, A. C. Mound-builders of the Amazon: Geophysical Archaeology on Marajo Island, Brazil. San Diego: Academic Press. 1991.

ROOSEVELT, A. C. The origins of complex societies in Amazonia. In: HESTER, T.; LAURENCICH-MINELLI, L.; SALVATORI, S. The Prehistory of the Americas. Forli: International Union of Prehistoric and Protohistoric Sciences, 1996. p. 27-31.

ROSTAIN, S. Cacicazgos guyanenses: mito o realidad? In: PEREIRA, E.; GUAPINDAIA, V. Arqueologia Amazônica. Belém: MPEG: IPHAN: SECULT, 2010. p. 169-192.

ROTH, W. An inquiry into the animism and folk-lore of the Guiana Indians. Bureau of American Ethnology, Washington, n. 30, p. 103-386, 1915.

RUIZ DE MONTOYA, A. Conquista Espiritual hecha por los religiosos de la Compañía de Jesus en las provincias del Paraguay, Paraná, Uruguay y Tapê. Bilbao: Im. del Corazón de Jesús, 1892.

SCHAAN, D. P. Cultura marajoara. Belém: SENAC, 2009.

SHARER, R. J. La civilización maya. México: Fondo de Cultura Económica, 2003.

SHEPARD, A. Ceramics for the Archaeologist. Washington: Carnegie Institution of Washington, 1956.

SOARES DE SOUSA, G. Tratado descritivo do Brasil em 1587. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1987. (col. Brasiliana, vol. 117).

SZTUTMAN, Renato. Sobre a ação xamânica. In: GALLOIS, D. T. Redes de relações nas Guianas. São Paulo: Série Redes Ameríndias NHII-USP, 2005. p. 151-226.

TAUBE, K. The Major Gods of Ancient Yucatan. Washington: Dumbarton Oaks Research Library and Collection, 1992.

TAUBE, K.; HRUBY, Z.; ROMERO, L. Fuentes de jadeíta y antiguos talleres: un reconocimiento arqueológico en el curso superior del río El Tambor, Guatemala. Washington: FAMSI, 2004.

THOMPSON, J. E. S. Maya history and religion. Norman: University of Oklahoma Press, 1975.

TRUEB, L.; CANNATELLA, D. C. Systematics, morphology, and phylogeny of genus Pipa (Anura: Pipidae). Herpetologica, Londres, v. 42, n. 4, p. 412-449, 1986.

VEERSTEG, A. H. Suriname voor Columbus/Suriname before Columbus. Paramaribo: Libri Musei Surinamensis: Stichting Surinaams Museum, 2003.

VETULANI J. Drug addiction. Part I. Psychoactive substances in the past and presence. Polish Journal of Pharmacology, Cracóvia, v. 53, n. 3, p. 201-214, 2000.

WASSÉN, H. The frog-motive among the South American Indians. Antropos: Revue Internationale d’Ethnologie et de Linguistique, Freiburg, v. 29, n. 3-4, p. 319-370, 1934a.

WASSÉN, H. The frog in Indian Mythology and Imaginative World. Antropos: Revue Internationale d’Ethnologie et de Linguistique, Freiburg, v. 29, n. 3-4, p. 613-658, 1934b.

ZEIDLER, J. A. The ecuadorian formative. In: SILVERMAN, H.; ISBELL, W. Handbook of South American Archaeology. Nova York: Springer, 2008. p. 459-488.




DOI: http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v23i2.6845

Indexadores 

            

          

 

 

Flag Counter

Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536