Logo do cabeçalho da página Novos Cadernos NAEA

Cidade e hidrelétrica na Amazônia brasileira: espaço e memória entre o “velho” e o “novo” Repartimento (Pará)

José Carlos Matos Pereira

Resumo

Os grandes objetos marcam a paisagem recente da Amazônia e desestruturam vidas preexistentes nos lugares onde se instalam, como aconteceu com o empreendimento hidrelétrico de Tucuruí, estado do Pará, inaugurado na década de 1980. Novas configurações socioespaciais ocorreram com a construção desse projeto, acompanhadas de expropriação, violência, baixas indenizações e promessas não cumpridas, resultando na criação do Movimento dos Atingidos pela Hidrelétrica de Tucuruí. Apoiado em bibliografia específica, fontes documentais e entrevistas, o artigo aborda essas transformações. Mostra, a partir das lembranças de antigos moradores, a Vila de Velho Repartimento, onde se percebem os construtos socioespaciais, os elementos de sociabilidade e as relações de trabalho antes do enchimento do lago de Tucuruí.


Palavras-chave

Grandes objetos. Hidrelétrica de Tucuruí. Velho Repartimento. Novo Repartimento. Movimento dos atingidos.


Texto completo:

PDF

Referências


ACEVEDO MARIN, R.; CASTRO, E. M. R. Grandes projetos e terras de negro: conflito e resistência no Trombetas. In: CASTRO, E. M. R.; MOURA, E.; MAIA, M. (org.). Industrialização e grandes projetos: desorganização e reorganização do espaço. Belém: Edufpa, 1995. p. 301-333.

BARTOLOMÉ, L. Estrategias adaptativas de los pobres urbanos: el efecto “entropico” de la relocalización compulsiva. In: BARTOLOMÉ, L. (org.). Relocalizados: antropología social de las poblaciones desplazadas. Buenos Aires: IDES, 1985. p. 7-22.

BECKER, B. Amazônia. São Paulo: Ática, 1990a.

BECKER, B. A fronteira em fins do século XX: oito proposições para um debate sobre a Amazônia. In: BECKER, B., MIRANDA, M, MACHADO, L. (org.). Fronteira amazônica: questões sobre a gestão do território. Brasília, UNB/Rio de Janeiro: Edufrj, 1990b. p. 15-31.

BECKER, B.; MIRANDA, M. O papel das cidades na ocupação da Amazônia. Brasília, DF: Convênio IPEA/CEPAL, 1987.

CASTRO, E. M. R. Industrialização, transformações sociais e mercado de trabalho. In: CASTRO, E. M. R.; MOURA, E.; MAIA, M. (org.). Industrialização e grandes projetos: desorganização e reorganização do espaço. Belém: Edufpa, 1995. p. 91-120.

CATULLO, M.; COUN, E. Estudios de impactos sociales en el Mercosul. Procesos relocalizatorios, nuevos espacios urbanos y reconstrucción de redes de relaciones sociales. Cuadernos de Antropología Social, Buenos Aires, n. 15, p. 49-69, 2002.

COMISSÃO DOS EXPROPRIADOS PELA BARRAGEM DE TUCURUÍ. Propostas de critérios para operacionalização da relocação para Novo Repartimento. Tucuruí: Comissão dos Expropriados pela Barragem de Tucuruí, 23 out. 1983. Disponível em:

https://drive.google.com/file/d/1Ggs12MYwCfL9WZwUHnxJC1aY8pJCy4PL/view. Acesso em: 20 maio 2020.

CORRÊA, R. A periodização da rede urbana da Amazônia. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 4, n. 3, p. 39-68, 1987.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HÉBETTE, J. As lutas sindicais em resposta às agressões dos grandes projetos. In: HÉBETTE, J. (org.). O cerco está se fechando: impactos do grande capital na Amazônia. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: Fase; Belém: NAEA/UFPA, 1991. p. 199-214.

IBGE. Censo Demográfico 2010. IBGE, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em https://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados.html. Acesso em: 20 maio 2020.

LEFÈBVRE, H. La productión de l’espace. Paris: Anthropos, 1974.

MAGALHÃES, S. B. Lamento e dor: uma análise sócio-antropológica do deslocamento compulsório provocado pela construção de barragens. 2007. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal do Pará, Belém; École Doctorale Vivant et Sócietés, Université Paris 13, Paris, 2007.

MARTINS, J. S. A chegada do estranho: notas e reflexões sobre o impacto dos grandes projetos econômicos nas populações indígenas e camponesas da Amazônia. In:

HÉBETTE, J. (org.). O cerco está se fechando: impactos do grande capital na Amazônia. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: Fase; Belém: NAEA/UFPA, 1991. p. 15-33.

MARTINS, J. S. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Contexto, 2009.

MIRANDA, M. Colonização oficial na Amazônia: o caso de Altamira. In: BECKER, B., MIRANDA, M., MACHADO, L. (org.). Fronteira amazônica: questões sobre a gestão do território. Brasília, Edunb/Rio de janeiro: Edufrj, 1990. p. 35-46.

PARÁ. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças. Estatística Municipal de Tucuruí. Belém: SEPOF, 2005.

PARTRIDGE, W. Reasentamiento de comunidades: los roles de los grupos corporativos en las relocaciones urbanas. In: BARTOLOMÉ, L. (org.). Relocalizados: antropología social de las poblaciones desplazadas. Buenos Aires: IDES, 1985. p. 49-66.

PEREIRA, E.; SILVA, M.; FERREIRA, T. Vila permanente: recortes e retratos de uma company town na Amazônia. In: TRINDADE JÚNIOR, S-C. C.; ROCHA, G. M. (org.). Cidade e empresa na Amazônia: gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Paka-Tatu, 2002. p. 59-81.

PINTO, L. A desorganização do grande projeto. In: CASTRO, E. M. R.; MOURA, E.; MAIA, M. (org.). Industrialização e grandes projetos: desorganização e reorganização do espaço. Belém: Edufpa, 1995. p. 47-58.

PIQUET, R. Cidade-empresa: presença na paisagem urbana brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

POLLAK, M. Memória, silêncio, esquecimento. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.

POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.

QUEIROZ, M. P. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva. São Paulo: T.A. Queiroz, 1991.

RIBEIRO, G. Proyectos de gran escala: hacia un marco conceptual para el análisis de una forma de producción temporaria. In: BARTOLOMÉ, L. (org.). Relocalizados: antropología social de las poblaciones desplazadas. Buenos Aires: IDES, 1985. p. 25-45.

ROCHA, G. M.; GOMES, C. A construção da usina hidrelétrica e as transformações espaciais na região de Tucuruí. In: TRINDADE JÚNIOR, S-C. C.; ROCHA, G. M. (org.). Cidade e empresa na Amazônia: gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Paka-Tatu, 2002. p. 27-57.

RODRIGUES, R. M. Desvelando formas e conteúdos: o núcleo urbano de Carajás. In: TRINDADE JÚNIOR, S-C. C.; ROCHA, G. M. (org.). Cidade e empresa na Amazônia: gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Paka-Tatu, 2002. p. 113-135.

SANTOS, M. Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1986.

SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.

SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

SANTOS, M. Os grandes projetos: sistema de ação e dinâmica espacial. In: CASTRO, E. M. R.; MOURA, E.; MAIA, M. (org.). Industrialização e grandes projetos: desorganização e reorganização do espaço. Belém: Edufpa, 1995. p. 13-20.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

TRINDADE JÚNIOR, S-C. C. Cidades na floresta: os “grandes objetos” como expressões do meio técnico-científico informacional no espaço amazônico. Revista IEB, São Paulo, n. 51, p. 113-138, set./mar. 2010.

TRINDADE JÚNIOR, S-C. C. Uma floresta urbanizada? Legado e desdobramentos de uma teoria sobre o significado da cidade e do urbano na Amazônia. Espaço Aberto, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 89-108, 2013.

TRINDADE JÚNIOR, S-C. C; ROCHA, G. M. Cidade e empresa na Amazônia: uma apresentação do tema. In: TRINDADE JÚNIOR, S-C. C; ROCHA, G. M. (org.). Cidade e empresa na Amazônia: gestão do território e desenvolvimento local. Belém: Paka-Tatu, 2002. 2002. p. 13-23.

VELHO, O. Capitalismo autoritário e campesinato. Rio de Janeiro: Difel, 1979.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v25i2.10535

Indexadores 

            

          

 

 

Flag Counter

Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536