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AGROBIODIVERSIDADE EM QUINTAIS COMO ESTRATÉGIA PARA SOBERANIA ALIMENTAR NO SEMIÁRIDO NORTE MINEIRO

Lis Soares Pereira, Gustavo Taboada Soldati, Reinaldo Duque-Brasil, France Maria Gontijo Coelho, Carlos Ernesto G. R. Schaefer

Resumo

A agrobiodiversidade engloba toda diversidade biológica manejada pelos agricultores/as para produção agrícola, seus saberes e práticas ancestrais associados. Neste trabalho, investigou-se a agrobiodiversidade e suas implicações na soberania alimentar de diferentes comunidades tradicionais do norte mineiro, utilizando os quintais como foco de estudo. Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas em domicílios e nos respectivos quintais amostrados, reuniões e grupos focais em cada comunidade parceira, a saber: quilombola de Malhada Grande (Catuti/MG), vazanteira do Pau Preto (Matias Cardoso/MG), geraizeira do Sobrado (Rio Pardo de Minas/MG) e caatingueira do Touro (Serranópolis de Minas/MG). Em geral, segundo os parceiros, o “quintal” engloba: local ao redor da casa com plantio, criação de animais, trato diário, podendo ou não haver árvores. Nele encontram-se diferentes espaços, como a horta onde se cultivam plantas de ciclo curto. A importância local dos quintais para diversos fins foi revelada nos depoimentos, como no autossustento, permutas/partilhas de plantas e frutos, uso medicinal e loci de relações familiares e comunitárias. Registraram-se 133 etnoespécies, distribuídas em 126 espécies e 46 famílias botânicas, nos agroecossistemas de quintais estudados. Entre os diferentes usos alimentares elencados(83), organizou-se 15 categorias de preparo e consumo, nas quais se destacaram (i)consumo in natura e (ii)bebidas,  pela maior riqueza de etnoespécies. A disponibilidade temporal dessa agrobiodiversidade é marcada pela sazonalidade, que define um ciclo anual fundamental: tempo das águas e tempo das secas; representando seis meses corridos de chuvas e estiagem, respectivamente.  Em cada tempo do ciclo, as fases intermediárias revelaram maior porcentagem de etnoespécies/comunidade em produção, denotando etnoespécies e etnovariedades sazonalmente específicas, adaptadas ao clima semiárido regional. Conclui-se que os quintais, ambientes manejados, representam extensão cultural de tradições alimentares locais, revelam agrobiodiversidade notavelmente rica, cuja conservação e valorização são algumas das diversas estratégias agroalimentares que comunidades tradicionais têm para manter e garantir a alimentação, fundamentais na soberania alimentar.


Palavras-chave

Sociobiodiversidade; Conservação; Etnobotânica; Agricultura Familiar; Povos Tradicionais


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v2i1.10176

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ISSN 2448-1998