COOPERATIVISMO CAMPONÊS ENTRE A EMANCIPAÇÃO E A ADAPTAÇÃO: O CASO DA COOPERATIVA (COFRUTA) DE ABAETETUBA-PA.
Resumo
Este artigo é parte do resultado da dissertação de mestrado. No movimento cooperativista no Brasil, observa-se duas correntes distintas, uma de lógica empresarial, outra de lógica popular-solidária. Este trabalho analisou a Cooperativa dos Fruticultores de Abaetetuba (Cofruta), pelas categorias da economia solidária e pelos princípios clássicos do cooperativismo. Nessa pesquisa qualitativa foram feitas observações diretas, entrevistas semiestruturadas, fotografia e revisão bibliográfica. A partir da elaboração de um modelo analítico tipificando cooperativismo tradicional e cooperativismo popular solidário, analisou os indicadores, em três categorias: a) trabalho; b) solidariedade; c) gestão. Uma quarta categoria, elemento central de definição da Economia Solidária, é o resultado de como as três categorias anteriores se apresentam na prática: d) emancipação. Como resultado, na Cofruta, tem-se que o trabalho é realizado por sócios(as) trabalhadores(as), indicados pelo conjunto de sócios(as), e participando das decisões. A tomada de decisão compreende três instâncias atuantes: diretoria, conselho administrativo com representação dos grupos locais, e da assembleia geral. Conclui-se que a cooperativa em questão transita entre as duas correntes, tendendo para o cooperativismo popular e solidário.
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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/raf.v18i1.13917
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