Revista Humanitas

DIÁLOGOS DE BEM VIVER ENTRE RABEQUEIROS BRAGANTINOS: CONSTRUINDO INSTRUMENTOS E LAÇOS DE AMIZADE

Ozian de Sousa Saraiva

Resumo

Este trabalho aborda o Bem Viver como o diálogo que se estabelece entre rabequeiros de diversas crenças religiosas. Rabequeiros são os construtores e instrumentistas de rabecas, assim chamados em Bragança – Pará, conhecida como “Pérola do Caeté”, cidade banhada pela Baía do Caeté. O instrumento musical – rabeca – ecoa na Marujada, festividade a São Benedito, o “santo preto”, ressoando também em festividades culturais e em igrejas pentecostais. As ações que envolvem a construção do instrumento não ocorrem de forma isolada e/ou individual, mas coletiva. Através dos muitos diálogos durante as ações de construção, ocorre a criação e fortalecimento de vínculos de amizade entre os colegas de profissão (construir e tocar rabeca), assim como a inclusão de novos aprendizes que desejam instruir-se no ofício. É importante enfatizar a presença de uma significativa talentosa mulher rabequeira, entre os rabequeiros de Bragança. O Bem Viver, promovido através do diálogo, rompe barreiras religiosas evidentes entre os rabequeiros, fazendo com que se unam tanto para construir rabecas como para tocar em festividades católicas, pentecostais, culturais e também em ações do dia a dia, sem qualquer tipo de formalidade. Alberto Acosta (2016) auxilia-me a ver, por meio dos diálogos entre os rabequeiros, ações fundamentais no dia a dia que se tornam exímias “oportunidades para imaginar outros mundos”, outros horizontes, apontando a rabeca como elemento-chave desse diálogo e Bem Viver. 

Palavras-chave: Bem Viver; cultura; religião; rabeca bragantina. 




DIALOGUES OF WELL LIVING BETWEEN RABEQUEIROS BRAGANTINOS: BUILDING INSTRUMENTS AND BONDS OF FRIENDSHIP

Abstract: This work approaches the dialogue as well living among the rabequeiros (builders and instrumentalists) in Bragança - Pará, known as “Pérola do Caeté”, a city bathed by Caeté Bay. The musical instrument - rabeca - echoes in the Marujada - festivity to St. Benedict, the “black saint”; resonating in cultural festivities and pentecostal churches. The actions involving the construction of the instrument do not occur in isolation and/or individually, but collectively. Through the many dialogues during the construction actions, there is the creation and strengthening of bonds of friendship between colleagues in the profession (build and touch rabeca) as well as the inclusion of new apprentices who wish to instruct themselves in the office. The well-living, promoted through dialogue, breaks down evident religious barriers among the rabequeiros, making them unite both to build rabecas and to touch catholic, Pentecostal, cultural and also in day-to-day actions, without any kind of formality. Alberto Costa, 2016, helps me to see through the dialogues between the rabequeiros, fundamental actions in the day to day that become excellent “opportunities to imagine other worlds”, other horizons, pointing to the rabeca as a key element of this dialogue and well living. 

Keywords: Well Live; culture; religion; rabeca bragantina.




DIÁLOGOS DE BUEN VIVIR ENTRE RABEQUEIROS BRAGANTINOS: CONSTRUYENDO INSTRUMENTOS Y LAZOS DE AMISTAD

Resumen: Este trabajo aborda el diálogo como acontece el buen vivir entre los rabequeiros, (constructores e instrumentistas) en Bragança – Pará, ciudad conocida como “Perla de Caeté” por ser bañada por la Bahía de Caete. El instrumento musical (rabeca) ecoa en la Marujada (fesitividad a San Benedito, el “santo negro”) y resuena en las festividades culturales y en celebraciones de iglesias pentecostales de la region. Las acciones que envuelven la construcción de los instrumentos no ocurren de forma aislada y /o individual, sino colectiva. A través de los muchos diálogos durante las acciones de construcción, ocurre la creación y fortalecimiento de los vínculos de amistad entre los colegas de profesión, (construir y tocar rabeca) así como la inclusión de nuevos aprendices que desean instruirse en el oficio. El buen vivir, es promovido a través del diálogo, rompiendo barreras religiosas, haciendo que se unan tanto para construir rabecas como para tocar en festividades católicas pentecostales, culturales y también en acciones de día a día, sin ningún tipo de formalidad. Alberto Costa, 2016, me auxilia al ver por medio de los diálogos entre rabequeiros, acciones fundamentales en el dia a dia que se torna eximias “oportunidades para imaginar otros mundos”, otros horizontes, apostando a la rabeca como elemento clave de ese diálogo y buen vivir. 

Palabras Claves: Buen Vivir; cultura; religion; rabeca bragantina


Texto completo:

PDF

Referências


ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução de Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária, Elefante, 2016.

ALIVERTI, Mavilda. A rabeca na Marujada de Bragança-Pa: o impacto de uma pesquisa institucional em uma prática musical. 2011. Tese (Doutorado em Música) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.

ANUÁRIO DO PARÁ 2018-2019. Jornal Diário do Pará. v.9, n.9, Belém: Jornal Diário do Pará, 2018.

BARBOSA, Virgínia. Rabeca. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013.

MORAES, Maria José Pinto da Costa de; ALIVERTI, Mavilda Jorge; SILVA, Rosa Maria Mota da. Tocando a memória: rabeca. Belém: IAP, 2006.

SARAIVA, Ozian. A rabeca da marujada bragantina: ethos religioso e biocultural. 2019. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2019.

SILVA, Dedival Brandão da. Os tambores da esperança: um estudo sobre cultura, religião, simbolismo e ritual na Festa de São Benedito da cidade de Bragança. Belém: Falangola Editora, 1997


Apontamentos

  • Não há apontamentos.