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A TECNOLOGIA DA IMAGEM E DO SOM A SERVIÇO DA ETNOGRAFIA

Luiz Adriano Daminello, André Villa

Abstract

Com o advento do cinematógrafo, o cinema passa a ser incorporado às ciências humanas como ferramenta de registro etnográfico, embora sempre atravessado por escolhas estéticas e narrativas. No Brasil, destaca-se a Missão de Pesquisas Folclóricas de 1938, liderada por Mário de Andrade, que buscou documentar a cultura popular com rigor científico e técnico. O uso de equipamentos de registro sonoro e visual exigiu adaptações criativas devido às particularidades das tecnologias e dos contextos socioeconômicos e culturais etnografados pela Missão. A presença de câmeras e microfones, ao interferirem com as manifestações culturais pesquisadas gerou, de certa forma, registros construídos. O texto retrata elementos de construção de objetividade nos registros visuais e sonoros desde os princípios do cinema, visando debates contemporâneos sobre papel do observador e seus aparatos tecnológicos nas pesquisas de campo. Se por um lado, a antropologia visual se transformou e reconhece hoje a imagem como construção cultural, os acervos produzidos, apesar de marcados por uma visão colonialista, tornaram-se hoje fonte de reapropriação identitária para os povos documentados.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/rmi.v19i32.19383

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DOI: https://dx.doi.org/10.18542

         

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