Logo do cabeçalho da página Novos Cadernos NAEA

A eficácia simbólica da visibilidade jornalística no campo ambiental: perspectivas sociológicas

Antonio Teixeira de Barros

Resumo

Análise sociológica sobre os fatores que contribuem para a eficácia simbólica da visibilidade do jornalismo ambiental, tomando-se como parâmetro temporal as três maiores conferências mundiais: Estocolmo (1972), Rio 92 e Rio+20. O recorte analítico inclui quatro fatores predominantes e recorrentes no período e que explicam tal eficácia: (a) os pacotes interpretativos que guiam a opinião pública; (b) a lógica de intermedia ou efeito de consonância de agenda, que propiciou a capilarização da cobertura, a partir da influência de um veículo sobre os demais; (c) a noção de jornalismo como sistema social perito e sua racionalidade técnica calcada na expertise das fontes; (d) a conversação civil e a educação difusa resultantes da ampliação da agenda. O resultado da combinação desses fatores é a inserção social dos temas ambientais no cotidiano. A metodologia combina análise documental e revisão sistemática de estudos sobre sociologia do jornalismo ambiental, história das ideias ecológicas e ciências sociais do ambiente.


Palavras-chave

Sociologia do jornalismo ambiental. Eficácia simbólica e meio ambiente. Pacotes interpretativos e meio ambiente.


Texto completo:

PDF

Referências


ADEKOLA, O.; LAMOND, J. A media framing analysis of urban flooding in Nigeria: current narratives and implications for policy. Regional Environmental Change, [s. l.], v. 18, n. 4, p. 1145-1159, 2018.

ALBERGUINI, A. C. A ciência nos telejornais brasileiros: o papel educativo e a compreensão pública das matérias de CT&I. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007.

ARENDT, H. O que é política? Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

BARROS, A. T. Visões do paraíso: o discurso oficial brasileiro sobre meio ambiente. Latinoamerica: revista de estudios latinoamericanos,

Ciudad do Mexico, v. 44, n. 1, p. 129-156, 2007.

BARROS, A. T. Dimensão filosófica e política do pensamento ambiental contemporâneo. Veritas, Porto Alegre, v. 57, n.1, p. 92-111, jan./abr. 2012a.

BARROS, A. T. Filosofia e educação: encontros na reflexão sobre o ambiente. Revista Portuguesa de Filosofia, Braga, v. 68, n.1/2, p. 223-242, jan./dez., 2012b.

BARROS, A. T. O ambientalismo como interdisciplina sociocultural e pensamento complexo. Perspectivas: revista de ciências sociais, Araraquara, v. 44, n. 1, p. 63-91, 2013a.

BARROS, A. T. Os temas ambientais no enquadramento televisivo: teledramaturgia vs. jornalismo. Revista de Comunicação, Curitiba, v. 14, n. 34, p. 263-289, 2013b.

BARROS, A. T. Sociologia da mídia: principais perspectivas e contrapontos. Século XXI: revista de ciências sociais, Santa Maria, v. 5, n. 1, p. 186-223, 2015a.

BARROS, A. T. Política partidária e meio ambiente: a adesão dos partidos políticos brasileiros à agenda verde. Opinião Pública, Campinas, v. 21, p. 693-733, 2015b.

BARROS, A. T. Agenda verde internacional e seus impactos no Brasil. Revista de Estudos e Pesquisas Sobre as Américas, Brasília, DF, v. 9, p. 160-191, 2015c.

BARROS, A. T. A TV como agente político da visibilidade ecológica no Brasil: uma perspectiva sociológica. Século XXI: revista de ciências sociais, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 263-290, 2016a.

BARROS, A. T. As fontes institucionais de informação agenda ambiental no Brasil e em Portugal: Estado, comunidade científica e entidades ecológicas. Interseções: revista de estudos interdisciplinares, Rio de Janeiro, v. 18, n.1, p. 39-63, 2016b.

BARROS, A. T. Brazil’s Discourse on the Environment in the International Arena, 1972-1992. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 39, n.2, p. 421-442, 2017a.

BARROS, A. T. A governança ambiental nos planos de governo dos presidenciáveis nas eleições de 2014. Revista Brasileira de Ciência Política, v. 23, p. 181-216, 2017b.

BARROS, A. T. Interfaces dos saberes ambientais: complexidade e educação política difusa. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 20, n. 3, 2018a.

BARROS, A. T. O diálogo teórico entre comunicação ambiental e ciências sociais na lógica da ciência em ação. Ambiente & Sociedade, v. 21, n. 1, p. 6-24, 2018b.

BARROS, A. T. A Esquerda Verde: partidos políticos e ambientalismo radical no Brasil. Dados: revista de ciências sociais, Rio de Janeiro, v. 61, n.2, p. 503-540, 2018c.

BARROS, A. T.; LEMOS, C. R. F. Política, pânico moral e mídia: controvérsias sobre os embargos infringentes de escândalo do mensalão. Opinião Pública, Campinas, v. 24, n. 2, p. 291-327, 2018.

BARROS, A. T.; SOUSA, J. P. Jornalismo e ambiente. Porto: Edições Fernando Pessoa, 2010.

BÉRGAMO, A. Reportagem, memória e história no jornalismo brasileiro. Mana, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 233-269, ago. 2011.

BITTENCOURT, M. C. A. Ciberacontecimento e jornalismo digital: o impacto do compartilhamento e da produção de sentidos nas práticas jornalísticas. Estudos em Jornalismo e Mídia, Florianópolis, v. 12, n. 2, p. 342-358, 2015.

BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BORELLI, V.; FLÔRES, V. Campo ambiental midiatizado: a vigilância colaborativa da Amazônia. Revista Comunicação Midiática, Bauru, v. 11, n. 1, p. 153-164, 2016.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa, Portugal: Difel, 1989.

BOURDIEU, P. Le sens pratique. Paris: Minuit, 2018.

BRAGA, J. L. Mediatização como processo interacional de referência. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO, 15, 2006, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: Compos, 2006. p. 1-12.

BRANDENBURG, A. Os novos atores da reconstrução do ambiente rural no Brasil: o movimento ecológico na agricultura. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 126-148, 2011.

CAFÉ FILOSÓFICO: o diagnóstico de Zygmunt Bauman para a pós-modernidade. [S. l.: s. n.], 2011. 1 vídeo (15 min). Publicado pelo canal Percy Reflexão. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6xt-k2kkvb4. Acesso em: 30 mar. 2022.

CALDAS, M. G. C. Entre o discurso e a práxis da sustentabilidade: o papel da comunicação na formação da opinião pública. In: BUENO, W. (org.). Comunicação empresarial e sustentabilidade. São Paulo: Manole, 2015. p.175-186.

CAMARGO, A. C. Polarização e Conversação Civil: o papel das tecnologias digitais na midiatização da política. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISAS EM MIDIATIZAÇÃO E PROCESSOS SOCIAIS. São Leopoldo. Anais [...]. São Leopoldo: Midiaticon, 2018. p. 1-8.

CARVALHO, I. C. M. as transformações na esfera pública e a ação ecológica: educação e política em tempos de crise da modernidade. Revista Brasileira de Educação, [s. l.], v. 11, n. 32, p. 308-315, maio/ago. 2006.

CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2017.

CASTEL, G. R. V.; CORONA, H. M. P.; PEZARICO, G. Ciência, técnica e tecnologia: da dominação da natureza à geração de riscos e as alternativas socioambientais. REMEA: revista eletrônica do mestrado em educação ambiental, Blumenau, v. 37, n. 1, p. 27-46, 2020.

CASTELLS, M. O poder da identidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.

CORREA, M. S. T. Dinâmicas territoriais e saber local em torno de conflitos em um bairro atingido pelo desastre de 2011 em Nova Friburgo (RJ). Argumentos, Montes Claros, v. 17, n. 1, p. 69-84, 2020.

DEBRAY, R. Le pouvoir intellectuel em France. Paris: Galimard, 1979.

DEBRAY, R. Curso de midiologia geral. Petrópolis: Vozes, 1993.

DEBRAY, R. O Estado sedutor: as revoluções midiológicas do poder. Petrópolis: Vozes, 1994.

DEBRAY, R. Manifestos midiológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

DEBRAY, R. Transmitir: o segredo e a força das ideias. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

DEBRAY, R. Introdução à mediologia. Lisboa: Livros Horizonte, 2004.

DEBRAY, R. Revolution in the revolution? Armed struggle and political struggle in Latin America. New York: Verso Books, 2017.

DOWNS, A. Up and down with ecology: the issue-attention cycle. The Public Interest, [s. l.], n. 28, p. 38-50, 1972.

ECO, U. Cinco escritos morais. Rio de Janeiro: Record, 2010.

FUKS, M. Arenas de ação e debate públicos: conflitos ambientais e a emergência do meio ambiente enquanto problema social no Rio de Janeiro. SciELO Brasil, São Paulo, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/j/dados/a/9zZfVvkKbGC3Dm3QrjcDCGy/?lang=pt#. Acesso em: 20 fev. 2022.

GAMSON, W. Power and the structure of society, by James S. Coleman. Contemporary Sociology, [s. l.], vol. 47, n. 4, p. 421-423, 2018.

GAMSON, W.; MODIGLIANI, A. media discourse and public opinion on nuclear power. American Journal of Sociology, [s. l.], vol. 95, p.1-37, 1989.

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991.

GIDDENS, A. Más allá de la izquierda y la derecha. Madrid: Ediciones Cátedra, 2018.

GOFFMAN, E. Frame analysis: an essay on the organization of experience. New York: Harper, 1974.

GOMES, W. A democracia no mundo digital: história, problemas e temas. São Paulo: Edições Sesc, 2018.

HABERMAS, J. Mudança estrutural na esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011.

HABERMAS, J. O Estado-nação europeu frente aos desafios da globalização. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 43, p. 87-101, 1995.

HANNERZ, U. World watching: street corners and Newsbeats on a journey through anthropology. London: Routledge, 2019.

HOBSBAWN, E. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

KANT, I. A paz perpétua e outros opúsculos. Leya, [1784] 2018.

LEFF, E. Devenir de la vida y trascendencia histórica: las vías abiertas del diálogo de saberes. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, n. 50, p. 17-24, 2019.

LOPES, J. S. L. Sobre processos de" ambientalização" dos conflitos e sobre dilemas da participação. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 12, p. 31-64, 2006.

LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. São Paulo: Cosacnaify, [1958] 2008.

LÜCK, J.; WESSLER, H.; WOZNIAK, A.; LYCARIÃO, D. Counterbalancing global media frames with nationally colored narratives: A comparative study of news narratives and news framing in the climate change coverage of five countries. Journalism, [s. l.], v. 19, n. 12, p. 1635-1656, 2018.

LYCARIÃO, D. Esfera pública e sistema midiático: tensões entre visibilidade e discutibilidade. Contemporânea, Salvador, v. 8, n. 1, p. 1-19, jul. 2010.

LYCARIÃO, D.; LEITE, A. B. Política no Facebook: a emergência de novos padrões de compartilhamento de notícias em tempos de crise. E- Compós, Brasília, DF, v. 23, p. 1-26, jan./dez. 2020.

MACHADO, J. A. S. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas para os movimentos sociais. Sociologias, Porto Alegre, ano 9, n. 18, p. 248-285, 2007.

MALCHER, M. A. et al. A ciência na TV aberta: uma exploração da programação de emissoras de Belém-PA. 2017. E- Compós, Brasília, DF, v. 20, n. 2, p. 1-20, 2017.

MARANHÃO, A. C. K.; GARROSSINI, D. F. A midiologia de Régis Debray: limites e contribuições ao campo comunicacional. Em Questão, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 33-47, jul./dez. 2010.

MARQUES, A. C. S.; MAIA, R. C. M. A conversação sobre temas políticos em contextos comunicativos do cotidiano. Política & Sociedade, Florianópolis, v. 7, n. 12, p. 143-175, 2006.

MIGUEL, L. F. O jornalismo como sistema perito. Tempo Social, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 197-208, maio 1999.

MILANI, C. R. S. Ecologia política, movimentos ambientalistas e contestação transnacional na América Latina. Caderno CRH, Salvador, v. 21, p. 287-301, 2008.

MORIN, E. Articular los saberes. Montevidéo: Editora de la Universidad de la República, 2018.

MORIN, E. Los complejos imaginarios. Gazeta de Antropología, [s. l.], v. 35, n. 2, artículo 4, 2019. Disponível em: http://www.gazeta-antropologia.es/?p=5165. Acesso em: 10 jan. 2022.

NOWOTNY, H.; SCOTT, P. B.; GIBBONS, M. T. Re-thinking science: knowledge and the public in an age of uncertainty. New Jersey: John Wiley & Sons, 2013.

ODEBIYI, O. M.; SUNAL, C. S. A global perspective? Framing analysis of US textbooks’ discussion of Nigeria. The Journal of Social Studies Research, [s. l.], vol. 44, n. 2, p. 239-248, 2020.

PEREIRA ROSA, G. A Quercus nas notícias. Porto: Porto Editora, 2006.

PICHIGUELLI, I. Na outra ponta da midiatização: educação, cultura e comunicação. Revista ECom, Lorena, SP, v. 11, n. 21, p 25-38, 2020.

RENSHAW, J. A eficácia simbólica revisitada. Revista de Antropologia, São Paulo, v.49, n. 1, p. 392-427, 2006.

RONDELLI, D. R. R. A ciência no picadeiro: uma análise das reportagens sobre ciência no programa Fantástico. 2004. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2004.

SCHANK, R. C. Conceptual information processing. New York: Elsevier, 2017.

SCHMIDT, L. Ambiente no Ecrã: emissões e demissões no serviço público televisivo. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2003.

SCHMIDT, L.; DELICADO, A. (org.). Ambiente, alterações climáticas, alimentação e energia: a opinião dos portugueses. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2014.

SODRÉ, M. A comunicação do grotesco. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.

SOUSA, J. P. Jornalismo e estudos mediáticos: memória II. Coimbra: Minerva, 2019.

SOUSA, M. S.; MAIA, F. J. F. Desenvolvimento rural, políticas públicas e cidadania: a agricultura familiar a partir do agir comunicativo. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, v. 25, n. 1, p. 185-203, 2020.

TARGINO, M. G.; BARROS, A. T. Comunicação e ciência na ótica de pesquisadores brasileiros. Signo, João Pessoa, v. 2, n. 2, p. 13-31, 1994.

VEIGA, J. E. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: Senac, 2019.

VIMIEIRO, A. C.; MAIA, R. C. M. Análise indireta de enquadramentos da mídia: uma alternativa metodológica para a identificação de frames culturais. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 235-252, 2011.

WEBER, M. Economia e sociedade. Brasília, DF: EdUnB, 1999.

WOLF, M. Teorias da comunicação de massa. São Paulo: Martins Fontes, 2003.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v25i1.8776

Indexadores 

            

          

 

 

Flag Counter

Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536