Logo do cabeçalho da página Novos Cadernos NAEA

Sítio Benjamin: um engenho nas cercanias da Belém oitocentista

Lucas Monteiro de Araújo

Resumo

Os mapas oitocentistas, com frequência, representam as cercanias da cidade de Belém, no atual estado do Pará, como um grande vazio demográfico. Essa região, todavia, desde finais do século XVII, já vinha sendo ocupada por chácaras, fazendas, sítios e engenhos pertencentes, principalmente, a membros da elite paraense, conforme mostram diversas cartas de doação e sesmaria do período. Algumas dessas propriedades despontam com frequência em pesquisas sobre a ocupação da capital do Pará, outras, no entanto, ainda permanecem desconhecidas ou pouco estudadas. Esse é o caso do Sítio Benjamin, também chamado engenho do Maguari, de posse do norte-americano Benjamin Upton. Os poucos registros que se tem sobre o local são, quase que exclusivamente, feitos por viajantes naturalistas que, em meados do século XIX, visitaram-no. Diante deste cenário de esquecimento, este artigo se propõe a desvelar a existência dessa propriedade, destacando sua possível localização hoje, bem como expor aspectos relativos à vida e ao trabalho naquele que foi um conhecido engenho de arroz oitocentista. Para tanto, centramos nossos esforços no estudo da produção bibliográfica de cinco viajantes, além de matérias jornalísticas e outras publicações nacionais e internacionais.  


Palavras-chave

engenho; Belém; viajantes; século XIX; Pará; Sítio Benjamin.


Texto completo:

PDF

Referências


A Reação, [s. l.], 11 de agosto de 1889.

ANDERSON, D. A. Engenhos na Várzea: uma análise do declínio de um sistema de produção tradicional na Amazônia. In: LÉNA, P.; OLIVEIRA, A. E. (org.). Amazônia, a fronteira agrícola 20 anos depois. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 1991. p. 101-121.

ARAÚJO, L. M. Representações marajoaras em relatos de viajantes: natureza, etnicidade e modos de vida no século XIX. 2017. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2017.

ARAÚJO, L. M. O que os viajantes levaram: a cultura material marajoara em invenção nos museus brasileiros e norte-americanos. 2021. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2021.

BATES, H. W. The naturalist on the River Amazons: a record of adventures, habits of animals, sketches of Brazilian and Indian life, and aspects of nature under the Equator, during eleven years of travel. London: John Murray, 1892 [1863].

BEZERRA NETO, J. M. Histórias urbanas de liberdade: escravos em fuga de Belém, 1860-1888. Afro-Ásia, Salvador, v. 28, p. 221-250, 2002.

CARULA, K. Darwinismo, raça e gênero. Campinas: Editora da Unicamp, 2016.

CASTRO, E. M. R.; MARIN, R. E. A. No Caminho das Pedras do Abacatal. 2. ed. Belém: NAEA, 2004.

CUEVA, O. T. Freedom in Amazonia: the black peasantry of Pará, Brazil, 1850-1950. 2007. Dissertation. (Doctor of Philosophy) – Graduate Faculty of Arts and Sciences, University of Pittsburgh, Pittsburgh, 2011.

Diário de Notícias, [s. l.], 11 de maio de 1893.

EDWARDS, W. H. A voyage up the river amazon including a residence at Pará. 1. ed. New York: D. Applenton & Company, 1847.

FISCHER, L. R. C. Diagnóstico Fundiário e Projeto de Apuração do Remanescente Patrimônial. 1. ed. São Paulo: Acquarello, 2017.

HEMMING, J. Fronteira amazônica. São Paulo: EDUSP, 2009.

KIDDER, D. P. Reminiscências de viagens e permanências no Brasil: províncias do Norte. Brasília, DF: Senado Federal, 2008 [1845].

KURY, L. B. 2001. A sereia amazônica dos Agassiz: zoologia e racismo na Viagem ao Brasil. Revista Brasileira de História, [s. l.], n. 41, v. 21, p. 157-172, 2001.

LIMA, C. O. A experiência de campo de Alfred Russel Wallace na Amazônia oitocentista: viagem, ciência e interações. 2014. Tese (Doutorado em História das Ciências) – Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz, Rio de Janeiro, 2014.

LISBOA, K. M. A Nova Atlântida de Spix e Martius: natureza e Civilização na Viagem pelo Brasil (1817-1820). São Paulo: Hucitec, 1997.

MARIN, R. E. A. Camponeses, Donos de Engenhos e Escravos na Região do Acará nos Séculos XVIII E XIX. Papers do NAEA, Belém, n. 153, p. 1-29, 2000.

MUNIZ, J. P. Patrimônios dos Conselhos Municipaes do Estado do Pará. Lisboa: Aillaud & C., 1904.

NAXARA, M. R C. Cientificismo e sensibilidade romântica: em busca de um sentido explicativo para o Brasil no século XIX. Brasília, DF: Editora da UnB, 2004.

NUNES, F. A. Nas cercanias da Belém oitocentista: entre fazendas, sítios, olarias e engenhos. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), Belém, v. 05, n. 01, p. 75-89, 2018.

O Liberal do Pará, [s. l.], 11 de maio de 1893.

PANTOJA, A. R. L. Terra de Revolta. Belém: Imprensa Oficial do Estado, 2014.

PATACA, H. Coletar, preparer, remeter, transportar – práticas de Histíra Natural nas Viagens Filosóficas portuguesas (1777-1808). Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, n. 4, v. 2, p. 125-138, 2011.

PLANCK, J. William H. Edwards & the Amazon. Greene County History. North Carolina, Vol. 37, No 2, p. 11-16, 2013.

POSSAS, H. C. G. Classificar e ordenar: os gabinetes de curiosidades e a história natural. In: FIGUEIREDO, B. G.; VIDAL, D. G. (org.). Museus dos Gabinetes de Curiosidades à Museologia Moderna. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013. p. 159-174.

PRATT, M. L. Os olhos do império: relatos de viagem e transculturação. Bauru: EDUSC, 1999.

RICCI, M. Do patriotismo à revolução: história da cabanagem na Amazônia. In: RICCI, M. (org.). Contando a História do Pará: da conquista a sociedade da borracha. Belém: Motion, 2002. p. 225-266.

SALLES, V. O negro no Pará sob o regime da escravidão. 3. ed. Belém: IAP, 2005.

SANJAD, N. R. A coruja de minerva: o Museu Paraense entre o Império e a República (1866-1907). Brasília, DF: Instituto Brasileiro de Museus; Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz; Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2010.

SANTOS, S. F.; COSTA, D. M. Um sítio arqueológico, vários museus: o caso do Engenho do Murutucu, Belém/PA. Museologia &Interdisciplinaridade, Brasília, DF, v. 12, n. 6, p. 105-122, 2017.

SARGES, M. N. Belém: riquezas produzindo a Belle Époque. 3. ed. Belém: Paka-Tatu, 2010.

SARRAF-PACHECO, A. À margem dos “Marajós”: cotidiano, memórias e imagens da “cidade-floresta” Melgaço-PA. Belém: Paka-Tatu, 2006.

SENADO. Anais do Senado: livro 5. Brasília, DF: Secretaria Especial de Editoração e Publicações – Subsecretaria de Anais do Senado Federal, 1869.

SILVA, L. O. Terras devolutas e latifúndio: efeitos da Lei de 1850. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

SOUZA, F. F. Criados, escravos e empregados: o serviço doméstico e seus trabalhadores na construção da modernidade brasileira (cidade do Rio de Janeiro, 1850-1920). 2017. Tese (Doutorado em História) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2017.

SPRUCE, R. Notes of a Botanist on the Amazon & Andes. Londres: Maccmillan and Co., Limited, 1908.

Treze de Maio, [s. l.], 6 de setembro de 1845.

Treze de Maio, [s. l.], 25 de abril de 1854.

Treze de Maio, [s. l.], 22 de fevereiro de 1856.

VIANNA, A. A Villa do Pinheiro. Belém: Typ. e Enc. Instituto Lauro Sodré, 1906.

VINTON, J. A. The Upton Memorial, a genealogical record of the descendants of John Upton of North Reading, Mass. Massachusetts: E. Upton & Son, Bath, ME, 1874.

WALLACE, A. R. Viagens pelo Amazonas e Rio Negro. Brasília, DF: Senado Federal, 2004 [1889].

WARREN, J. E. Pará or Scenes and Adventures on the Banks of the Amazon. Nova York: G. P. Putnam, 1851.

WATRIN, O. S.; HOMMA, A. K. O. Evolução do uso da terra do Engenho Murutucu: história, geografia e ecologia. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2007.




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v27i1.13417

Indexadores 

            

          

 

 

Flag Counter

Print ISSN: 1516-6481 – Eletrônica ISSN: 2179-7536