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Alteridades e Outridades na região de Carajás

Idelma Santiago da Silva, Flávia Marinho Lisbôa, Laécio Rocha de Sena

Resumo

O artigo tem o objetivo de abordar a região de Carajás como uma zona de contato na produção de alteridades. Metodologicamente ele está apoiado na abordagem arqueogenealógica foucaultiana, permitindo visibilizar a região fora da homogeneidade que o discurso hegemônico faz circular, delimitando-a como espaço de conflito e interação entre sujeitos diversos. Realizou-se um olhar problematizador sobre a ideia de regionalização de Carajás na perspectiva da: i) existência de vida e história na região com os povos que habitam originalmente esse espaço, tomando o caso dos Irã amrayré (um grupo Mebêngôkre-Kayapó); ii) migração como reflexo do plano de desenvolvimento para a região e seus desdobramentos na produção de outridades; iii) resistência dos povos originários e quilombolas contra os processos de dominação local por meio da formação no ensino universitário, ampliando as formas de luta com as ferramentas do conhecimento acadêmico-científico.


Palavras-chave

Alteridade. Zona de Contato. Regionalização. Resistência. Região de Carajás.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v25i4.12831

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