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A reinvenção da Feira Agroecológica e de Economia Solidária de Cametá/PA em meio à pandemia de Covid-19

Tainá Carvalho Pantoja, Fagner Freires de Sousa

Resumo

O presente artigo analisa os desafios e as estratégias de comercialização dos agricultores da feira agroecológica no município de Cametá/PA durante a pandemia de Covid-19. A coleta de dados foi realizada com base na análise documental dos registros de comercialização da feira durante os meses de março/2020 a março/2021 e entrevistas semiestruturadas com agricultores, organizadores da feira e consumidores. Constatou-se que as dificuldades de locomoção, o fechamento das estradas e o receio em se contaminar foram fatores prejudiciais ao andamento da comercialização, principalmente nos três primeiros meses de restrições advindas da quarentena. Apesar disso, a alternativa de comercialização virtual foi uma estratégia acertada: 94% dos clientes afirmaram que gostariam de permanecer com a compra virtual mesmo após a pandemia. Conclui-se, desse modo, que o comércio digital foi uma estratégia que favoreceu tanto o agricultor quanto a clientela, e atualmente desponta com uma alternativa ao escoamento da produção familiar rural.


Palavras-chave

Agricultura familiar. Comercialização. Coronavírus. Feiras livres e mercados. Mercado digital.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v25i3.11175

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