O livro de contos O carro dos milagres, de Benedicto Monteiro: a crítica literária em periódicos

Resumo

Este artigo focaliza a crítica inicial ao livro de contos O carro dos milagres (1975), de Benedicto Monteiro, especialmente à história homônima, na qual o personagem central conta sua trajetória de pagador de promessa, do Marajó (PA) ao Círio de Nazaré, trazendo ex-voto, símbolo da graça recebida da padroeira do Estado, dado o perigo que ele passou sob temporal. Ressalta-se a procissão do Círio, numa linguagem oralizada, que revela o pertencimento à Amazônia, o enraizamento cultural. A partir daí, o leitor conhece um relato de pobreza, abandono, solidão, intempéries climáticas e negligência governamental, situação que o protagonista e família vivenciam. Semelhantes fatos tornam o conto um dos mais primorosos e lidos de Benedicto Monteiro. Aliás, O carro dos milagres é extremamente republicado. Por isso, procuramos também revisitar o itinerário da referida narrativa desde seu lançamento no Rio de Janeiro, considerando os pertinentes estudiosos de primeira hora: Abguar Bastos, Haroldo Bruno e Benedito Nunes.