Cabeçalho da página
Imagem para capa

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DA MASTOFAUNA UTILIZADOS PELAS COMUNIDADES LOCAIS DO PARQUE NACIONAL DA QUIÇAMA, ANGOLA

Franciany Braga, Rômulo Romeu da Nóbrega Alves, Heliene Mota

Resumo

Muitos cientistas estão motivados a entender como as pessoas classificam espécies, concentrando seus esforços nas chamadas taxonomias folk. Com o propósito de melhor compreender e colaborar com pesquisas relacionadas ao assunto, este estudo visou identificar as classificações de etnoespécies de mamíferos silvestres utilizadas por moradores do Parque Nacional da Quiçama (PNQ), Luanda- Angola. Para o levantamento de dados, foram selecionadas 27 informantes. Para registrar os nomes vernaculares das etnoespécies presentes no PNQ realizou-se entrevistas semiestruturadas e checklist com estímulo visual e ‘‘turnê-guiada’’. Os dados foram analisados qualitativa e quantitativamente, buscando representar o consenso entre os informantes entrevistados. Foram registradas 48 etnoespécies de mamíferos, classificadas principalmente devido a aspectos morfológicos, seguidos pelos ecológicos e socioculturais. Critérios morfológicos encontrados estão associados à cor, tamanho, morfometria, ou por outra característica típica do corpo do animal. Como critério ecológico observou-se nomenclaturas relacionadas ao habitat do animal, ou se este está sozinho ou em grupo. Por exemplo, duas espécies de esquilos (nome em português), são classificadas de acordo com sua coloração e organização social, sendo assim chamadas de 1) Dicama (um único animal) ou macama (um grupo de animais)- em que ‘cama’ refere-se a uma coloração vermelha, e 2) Dibuco (um único animal) ou mabuco (em grupo de animais)- em que ‘buco’ refere-se a uma coloração castanha. Por vezes nomes binominal também são utilizados para especificar melhor determinada espécie. Aspectos socioculturais como localização e urbanização da comunidade também são responsáveis por influenciar na classificação das espécies. Observa-se, portanto neste estudo que além das características morfológicas e ecológicas , aquelas ligadas á sociedade e cultura também são utilizadas nos sistemas de classificações dos mamíferos pelas comunidades humanas do Parque Nacional da Quiçama.


Palavras-chave

classificação tradicional; conhecimento local; Kimbundo; mamíferos; nomenclatura


Texto completo:

PDF

Referências


ALBUQUERQUE, U. P. et al. Methods and Techniques Used to Collect. In: ALBUQUERQUE, U. P., et al. Methods and Techniques in Ethnobiology and Ethnoecology. New York: Springer, 2014. p. 15-37.

ALVEZ, A. S. A. et al. COMO E POR QUE AS PESSOAS CLASSIFICAM OS RECURSOS NATURAIS? In: ALBUQUERQUE, U. P. D. Introdução à Etnobiologia. Recife: NUPEEA, 2010. p. 77-82.

Bailey, K.D. Methods of Social Research. 4 ed. The Free Press, New York, 1994. 553 p.

BERNARD, H. R. Research Methods in Anthropology. 4. ed. Nova York: AltaMira Press. 2006.

FERREIRA JUNIOR, W. S.; LUCENA, R. F. P.; ALBUQUERQUE, U. P. 2014. VISÕES ALTERNATIVAS SOBRE AS CLASSIFICAÇÕES FOLK. In: ALBUQUERQUE, U. P. D. Introdução à Etnobiologia. Recife: NUPEEA,2010. p. 83-90.

HAYS, T. E. An Empirical Method for the Identification of Covert Categories in Ethnobiology. American Ethnologist, v. 3, p. 489-507.1996 DOI: 10.1525/ae.1976.3.3.02a00070

MOURÃO, J. S.; ARAUJO, H. F.; ALMEIDA, F. S. Ethnotaxonomy of mastofauna as practised by hunters of the municipality of Paulista, state of Paraíba-Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 2, n. 19, p1-17. 2006. DOI: 10.1186/1746-4269-2-19

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Programa de Apoio Estratégico para o Ambiente. Angola, 2012. p. [s.n.].

RAMIRES, M.; CLAUZET, M.; BEGOSSI, A. Folk taxonomy of fishes of artisanal fishermen of Ilhabela (Brazil). Biota Neotropica, Campinas, v. 12, n. 4, 2012. ISSN 1676-0603




DOI: http://dx.doi.org/10.18542/ethnoscientia.v2i1.10186

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2021 Ethnoscientia: Revista Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia

                    

ISSN 2448-1998