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Fronteiras marginais: a luta das comunidades quilombolas da amazônia brasileira contra a invisibilidade no debate sobre conservação ambiental

Januária Pereira Mello, Diego Amoedo Martinez, Juliene Pereira dos Santos, João Vitor Gomes dos Santos, Dalila Silva Mello

Resumo

Apesar dos importantes avanços legislativos internacionais e nacionais de reconhecimento dos direitos dos povos afrodescendentes/quilombolas nos últimos vinte anos, especialmente com a garantia do direito territorial das comunidades quilombolas e a definição dos Territórios Quilombolas como Áreas Protegidas (BRASIL, 2006) - que não consideramos que tenha sido a opção mais acertada - no Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), há um grande obstáculo ainda a ser superado de demonstrar os benefícios ambientais, a capacidade de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, serviços ecossistêmicos e proteção da biodiversidade dos territórios e comunidades quilombolas em todo país. Soma-se a essa dificuldade a ausência de informações estatais sistematizadas e disponíveis da população quilombola e sua localização, apenas recentemente iniciada com a divulgação do Censo Demográfico 2022 (IBGE, 2023). Do ponto de vista acadêmico e científico ainda  há poucos estudos que se debruçam na importância das formas particulares de vida dos quilombolas, as práticas de manejo ambientais e territoriais sustentáveis, recuperação ambiental, enfim pesquisas científicas socioecológicas, que demonstrem a importância destes territórios para ações de conservação ambiental. Nesse sentido, o artigo apresenta essa dificuldade que coloca os territórios quilombolas à margem em diversas perspectivas. Ao utilizar imagens, representações gráficas e algumas análises aparece com mais força a liminaridade, mas principalmente os mapas são importantes para apresentar uma possibilidade de reflexão cruzando dados de bioma ao invés de municípios com o de população quilombola. O texto traz também a visão de acadêmicos e pensadores quilombolas e afrodescendentes sobre suas concepções e formas próprias de manejo e resistência, frente às pressões cada vez maiores de exploração de recursos naturais e minerais, aos processos de esbulhos, dentre outras estratégias e formas, usos, ocupação e relação com o ambiente em que vivem, nos fazendo despertar e instigar interesses científicos para pesquisas transdisciplinares, bem como a intenção de trazer uma outra perspectiva racial do tema ambiental sempre invisibilizada e marginalizada.


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DOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazonica.v16i2.15884



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