Fronteiras marginais: a luta das comunidades quilombolas da amazônia brasileira contra a invisibilidade no debate sobre conservação ambiental
Resumo
Apesar dos importantes avanços legislativos internacionais e nacionais de reconhecimento dos direitos dos povos afrodescendentes/quilombolas nos últimos vinte anos, especialmente com a garantia do direito territorial das comunidades quilombolas e a definição dos Territórios Quilombolas como Áreas Protegidas (BRASIL, 2006) - que não consideramos que tenha sido a opção mais acertada - no Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), há um grande obstáculo ainda a ser superado de demonstrar os benefícios ambientais, a capacidade de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, serviços ecossistêmicos e proteção da biodiversidade dos territórios e comunidades quilombolas em todo país. Soma-se a essa dificuldade a ausência de informações estatais sistematizadas e disponíveis da população quilombola e sua localização, apenas recentemente iniciada com a divulgação do Censo Demográfico 2022 (IBGE, 2023). Do ponto de vista acadêmico e científico ainda há poucos estudos que se debruçam na importância das formas particulares de vida dos quilombolas, as práticas de manejo ambientais e territoriais sustentáveis, recuperação ambiental, enfim pesquisas científicas socioecológicas, que demonstrem a importância destes territórios para ações de conservação ambiental. Nesse sentido, o artigo apresenta essa dificuldade que coloca os territórios quilombolas à margem em diversas perspectivas. Ao utilizar imagens, representações gráficas e algumas análises aparece com mais força a liminaridade, mas principalmente os mapas são importantes para apresentar uma possibilidade de reflexão cruzando dados de bioma ao invés de municípios com o de população quilombola. O texto traz também a visão de acadêmicos e pensadores quilombolas e afrodescendentes sobre suas concepções e formas próprias de manejo e resistência, frente às pressões cada vez maiores de exploração de recursos naturais e minerais, aos processos de esbulhos, dentre outras estratégias e formas, usos, ocupação e relação com o ambiente em que vivem, nos fazendo despertar e instigar interesses científicos para pesquisas transdisciplinares, bem como a intenção de trazer uma outra perspectiva racial do tema ambiental sempre invisibilizada e marginalizada.
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.18542/amazonica.v16i2.15884
© As/os autoras/es que publicam na Amazônica Revista de Antropologia (ARA) retêm os direitos autorais e morais de seu trabalho, licenciando-o sob a Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivação Works 3.0 Brasil que permite que os artigos sejam reutilizados e redistribuídos sem restrições, desde que o trabalho original seja citado corretamente.
|
This is an open-access website under the terms of the Creative Commons Attribution-NoDerivatives License. |